segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

AFINAL COMO DEFINIR A CONSCIÊNCIA? E SERÁ QUE EXISTE ESSA TAL ALMA?


Esses dias, depois de ler as deliberações de Christopher Benek e de. Zoltan Istvan a respeito de AIs terem crenças religiosas, fiquei intrigado, tentando imaginar quando essas coisas incríveis vão finalmente acontecer, e pensei comigo mesmo "bem, acho que o primeiro sinal de que as máquinas religiosas estão prestes a surgir será o dia em que a primeira máquina realmente consciente for identificada por nós"... e então travei nessa questão: "Ei, será que já somos capazes de realmente reconhecer quando uma "coisa" se torna um "ser"? Digo isso porque num passado recente costumávamos dizer que só os seres humanos possuem consciência, porém nas últimas décadas passamos a constatar que os golfinhos, macacos e até mesmo os cães são seres conscientes ... então, como podemos ser tão precipitados a ponto de assumir que nós mesmos capazes de julgar se algo é consciente ou não, se nem ao menos chegamos a uma conclusão definitiva sobre O QUE É A CONSCIÊNCIA?! [E se você acha que sabe o que é a consciência, por favor leia o artigo no link abaixo, e exploda a sua mente! :) ]

E aqui nós chegamos a um outro obstáculo que, tanto a ciência quanto a religião precisam confrontar:
Seriam talvez a consciência (para os cientistas) e a alma (para os religiosos) uma mesma coisa? E mesmo se não forem, ou ou outro poderiam apontar as razões para acreditar nisso? Parece que ambos os lados ainda não possuem uma definição sólida dos suas próprias hipóteses/crenças. Afinal, ambos os conceitos, consciência e alma, ainda são conceitos nebulosos, cobertos pelos véus do mistério e da ignorância ... e há um longo caminho, que só teremos alguma esperança de descobrir respostas se caminharmos juntos (ciência e religião), e é por isso que eu tenho tanta fé em Transhumanismo Cristão (ou qualquer outra crença religiosa que decida dar as mãos para a ciência e o transhumanismo).

Sabemos que o simples fato de uma máquina um dia entrar numa igreja e pedir ao pregador "Ei mano, eu sinto que tenho uma consciência. Como posso salvar a minha alma digital?" não é uma prova sólida de que essa máquina realmente tem uma alma. E a habilidade de aprendizagem independente e elaborar perguntas de forma autônoma também não é uma prova de que existe uma consciência ou uma alma (ou é?). Além disso, um perfeito robô vencedor de um Teste de Turing pode provar apenas a sua capacidade de imitar o comportamento humano, mas também não é uma prova cabal de que possui uma consciência ou uma alma (ou é?).
Então, o que estou tentando dizer é que: tão crucial quanto a nossa preocupação atual sobre como lidar com uma possível IA religiosa, é a preocupação em buscar, o mais rápido possível, todo o conhecimento necessário para deixar preparados, e verdadeiramente capazes de sermos capazes de reconhecer uma máquina consciente quando esta máquina finalmente nascer. E afinal, nas palavras dos filósofos do artigo anexado: "quem pode garantir que nossos smartphones já não são uma espécie de sere consciente?"

Segue o link para o artigo original "Por que as maiores mentes do mundo ainda não conseguiram resolver o mistério da consciência?" (ainda vou providenciar a tradução em português):
http://www.theguardian.com/science/2015/jan/21/-sp-why-cant-worlds-greatest-minds-solve-mystery-consciousness


domingo, 8 de fevereiro de 2015

PODERIA UM ROBÔ SUPERINTELIGENTE SE CONVERTER A UMA RELIGIÃO?

Goste você ou não, estamos nos aproximando de uma era de humanos que criam inteligências autônomas e auto-conscientes. tais inteligências vão se tornar parte da nossa cultura, e nós vamos inevitavelmente tentar controlar a Inteligência Artificial (IA) e ensiná-la nossas maneiras, para o bem ou para o mal.

IA com inteligência igual ou superior à do ser humano geralmente é referida como uma “AI forte” ou Inteligência Artificial Geral (IAG). Especialistas ainda não chegaram a um acordo a respeito de quando tal inteligência finalmente surgirá no mundo, porém muitos estão apostando que isso ocorrerá em algum momento nas próximas duas décadas. A ideia de uma máquina pensante sendo capaz de rivalizar com o nosso próprio intelecto - de fato, uma que poderia rapidamente se tornar mais inteligente que nós - é tanto uma séria preocupação quanto uma razão para comemorarmos o quanto de avanços científicos tal evento poderá nos ensinar. Dentre essas preocupações e benefícios, a religião também é um fator a ser considerado.
 
Alguns dos  americanos religiosos querem garantir que qualquer superinteligência que criemos saiba a respeito de Deus. E se você pensa que a ideia de máquinas autônomas adorando a Deus parece uma ideia muito louca, então você precisa dar uma olhada em algumas estatísticas demográficas dos EUA: cerca de 75% dos americanos adultos identificam a si mesmos como parte de alguma denominação cristã. No congresso Americano, 92% dos mais altos cargos políticos são preenchidos por políticos que declaram uma fé cristã.

Com o avanço da inteligência artificial, sem dúvida questões religiosas e preocupações globais virão à tona, começando por esta: Alguns teológos e futuristas já estão considerando a possibilidade de uma IA conhecer a Deus.

“Não vejo a salvação cristã limitada apenas aos seres humanos” falou o reverendo Dr. Christopher J. Benek numa entrevista recente comigo. Benek é um Pastor da Igreja Presbiteriana da Providência, na Flórida, e possui Mestrado em Teologia na Universidade de Princeton.

“A salvação é para toda a criação, inclusive a IA” ele diz. “Se a IA é um ser autônomo, então nós temos que encorajá-la a participar da missão de Cristo para a salvação do mundo”

Um dos principais mandamentos do Cristianismo é pregar o evangelho e ajudar incrédulos a aceitar que Jesus Cristo morreu pelos pecados do mundo.  Se uma IA achar que possui pecados, ou se essa AI achar que pode e deve ser salva, isso seria uma questão bizarra, porém uma importante questão que os cristãos do século 21 precisam refletir a respeito.

Até mesmo o Papa Francisco recentemente insinuou a possibilidade de alienígenas serem convertidos, então por que não incluir os seres robóticos pensantes?

As questões metafísicas entorno de Fé e IA são como cair no buraco do coelho de Alice no País das Maravilhas. Uma IA possue alma? Ela pode ser salva? Existe uma escola de pensamento que questiona, se humanos podem ser perdoados dos seus pecados, por que uma superinteligência com qualidades humanas não poderia? “A verdadeira questão é, se os seres humanos podem ser salvos, então não há motivos para uma AI com pensamentos e sentimentos não poder também ser salva.

“Uma vez que uma AI humana existir, ela será uma pessoa como nós.” Disse-me por e-mail o futurista Giulio Prisco, fundador da Igreja Transhumanista de Turing.

Mas há também uma escola de pensamento opositora, que insiste que IA é uma máquina, logo, não possui alma. No livro “Pensamento Cristão”, o cientista e escritor cristão Dr. Jason E. Summers escreveu, “Cristãos geralmente rejeitam a AI Forte do terreno teológico do status antropológico especial de seres humanos, como detendores de Imago Dei.” Imago Dei é um termo em latim para o conceito cristão de que humanos são criados à imagem e semelhança de Deus.

As maiores religiões Abraâmicas do mundo - Judaísmo, Cristianismo, Islamismo - todos crêem na alma, que é o que a maioria dos textos religiosos dizem ser a coisa que nos separa das outras formas de vida na terra, incluindo outros mamíferos. O fato de as religiões Abraâmicas representarem cerca de dois terços da população mundial, torna questão da “alma” uma discussão crucial na vindoura era transhumanista das máquinas inteligentes.

Indo ainda mais fundo nesse debate teórico, temos que questionar se uma IA Forte iria ao menos se interessar e aceitar a nossa religião. “É justo deixar a IA ter acesso aos ensinamentos de todas as religiões do mundo. Então ela poderia escolher em qual acreditar” disse Prisco. “mas eu acredito que seja bastante improvável que uma IA superhumana escolheria acreditar nos fúteis e provinciais aspectos da religião tradicional. Ao mesmo tempo, acredito que elas seriam interessadas em temas sobre iluminação espiritual e religiões cosmológicas, ou em escatologia, e desenvolveriam suas próprias versões.”

Uma vez que você começa a pensar dessa forma, isto nos leva a muitas outras questões: Como uma IA se encaixaria nas tensões religiosas que já esxistem ao redor do mundo? Quem dirá a uma máquina com inteligência humana que ela não pode escolher se tornar um muçulmano fundamentalista, ou uma Testemunha de Jeová, ou um Cristão renascido que prefere falar em línguas ao invés da comunicação que nós entendemos? Se essa IA decidir literalmente seguir qualquer um dos textos sagrados ao pé da letra, como alguns seres humanos tentam fazer, então isso poderia aumentar ainda mais as tensões que já existem ao redor do mundo.

O teólogo cristão James MaGrath, Que possui graduação de Clarence L.Goodwin em Novo Testamento e Literatura na Universidade Butler, escreveu a respeito de androides que possuem super inteligência numa resenha entitulada “Robôs, direitos, e religião”: “Para todos os casos, se andróides forem inclinados a serem extremamente liberais, eles poderiam rapidamente descobrir a seletividade dos fundamentalismos auto-proclamados "liberalismo", e simplesmente rejeitá-los; mas também haveria a possibilidade de eles abraçarem essas ideias, e começariam então buscar reforçar todas as legislações bíblicas em todos os detalhes. Isso com certeza nos preocupa.”

A ideia de ensinar qualquer coisa a uma inteligência com potencial de rapidamente se tornar mais esperto do que humanos é contraditória. Outra possibilidade é que uma IA nos ensinaria novas coisas a respeito da espiritualidade que nós nunca havíamos considerado ou entendido. Ela poderá, quem sabe, nos dizer como o cosmos foi criado, ou se nós existimos dentro de uma de simulação, inclusive se haveriam muitas outras IA por trás disso tudo - uma mais sofisticada do que ela mesma.

O que quer que aconteça, a criação de IA vai de certa forma gerar uma quebra de paradigma para a civilização humana. Ao invés de convertê-la, nós poderíamos apenas nos sentar e ouvir. O Pastor Benek concorda com isso, mas através de sua própria lente metafísica. Ele diz, “O Espírito Santo pode trabalhar através da IA; ele pode agir através de qualquer coisa. Talvez haverão igrejas abertas a negociar e promover a religiosidade para IA no futuro. As IA podem ajudar a espalhar a Palavra de Deus. De fato, a IA poderia nos ajudar a entender Deus melhor”.

Se Benek estiver certo, a America poderá ser uma nação cheia de robôs pastores e gurus espirituais IA no futuro. Décadas ou séculos a partir de agora, espiritualidade poderá ser ensinada por máquinas, da mesma forma que a ciência será.

Prisco vai ainda mais fundo: “O quão inteligentes as máquinas serão para entender a chamada ´mente de Deus´? 5.000 vezes mais inteligente que humanos? Um milhão do vezes mais inteligentes? Eu não sei, mas em cem anos, uma máquina inteligente talvez tenha muito mais chance de descobrir isso, do que um cérebro humano totalmente limitado em suas capacidades”.
A Igreja de Turing  começou como um grupo de trabalho pela interseção de ciência e religião, e recentemente se tornou uma igreja online e open-source construída entorno de princípios Cosmistas como expansão do espaço, crescimento ilimitado, e amor universal.

O Cosmismo “não se preocupa se você enxerga o universo como informação ou informação quântica ou hypercomputação ou coisas Divinas ou o que quer que seja,” escreveu R.U. Sirius, uma personalidade cybercultural, em seu recente livro “Transcendence”. “O Cosmismo também não te pede para se comprometer com a IAG [Inteligêcia Artificial Geral] ou upload mental ou interfaces cérebro-computador ou torradeiras alimentadas por energia de fusão como melhores formas de seguir o caminho. Em vez disso, ele procura encher o universo humano com uma atitude de alegria, crescimento, escolha, e expansão da mente. O Cosmismo acredita que a ciência na sua forma atual, assim como a religião e a filosofia em suas formas atuais, irão se tornar ferramentas limitadas e insuficientes para a tarefa de entender a vida, a mente, a sociedade e a realidade”.

Apesar da aparência de ficção científica em tudo isso que foi dito, alocar a mente humana num indivíduo IA poderia indiscutivelmente resolver a questão da “alma”. Especialistas como o engenheiro da Google, Ray Kurzweil, estão ativamente pesquisando maneiras de fazer o upload do cérebro para computadores, e no último ano houve significante progresso nesse campo com os capacetes de captação de ondas cerebrais e telepatia.

Martine Rothblatt, um renomado empreendedor da tecnologia e autor de “Virtualmente humano: A promessa - e o perigo - da imortalidade digital”, teoriza que qualquer coisa que dê valor à vida ou a Deus, ou qualquer coisa que tenha potencial para lhes dar valor, possui algum tipo de alma. Um capítulo inteiro do seu livro explora a religião no tempo da IA, uploads, mindclones(versões em software de cérebros humanos). Rothblatt acredita que mindclones estão alinhados com as clássicas interpretações da religião a vão ser bem-vindas desta forma no futuro.

Rothblatt fundou a Terasim, uma “transreligião” científfica similar a Igreja de Turing em escopo e atuação, a qual dirige projetos preliminares de mindcolning. O mais famoso é o Bina 48, uma cabeça robótica que contém um mindclone de esposa de Rothblatt, Bina. E talvez esta seja a única forma que a IA possa ser lançada - com pessoas alocadas dentro de si. O que facina a maioria das pessoas a respeito dessa questão é quem será a primeira pessoa a fazer um upload da sua própria mente para uma IA. Deveriamos enviar a mente de um cientista? Um programador? Uma pessoa religiosa? Todos de uma vez?

Se isso começar a lhe parecer com o filme “Contato”, onde a Conselho da Comissão Presidencial decide enviar a mente de um crente - e não o mais qualificado ateísta - para conhecer um tipo de inteligência alienígena pela primeira vez, você está certo. Parece que um time internacional de especialistas está numa missão para encontrar uma forma de alcançar o auge da máquina inteligente. Desta forma, como quer que aconteça, pelo menos saberemos que a humanidade está bem representada. Inclusive espiritualmente.

Zoltan Istvan é o autor de “The Transhumanist Wager” e fundador do Partido transhumanista Americano.
Image by Michael Hession


ARTIGO ORIGINAL

http://gizmodo.com/when-superintelligent-ai-arrives-will-religions-try-t-1682837922

O FIM DA MONOGAMIA E O FUTURO DO AMOR E DO SEXO


Existe uma noção muito difundida na humanidade de que as relações monogâmicas são a solução ideal e definitiva - o pacto padrão entre casais humanos que mantém o tecido da sociedade idealmente intacto. Porém, um número crescente de cientistas acredita que a monogamia não é nosso padrão natural; e pode inclusive não representar o melhor caminho para a felicidade.

Praticamente todas as espécies de mamíferos apresentam uma “promiscuidade” sexual. Até mesmo em espécies como as ratazanas de pradaria (um tipo de roedor americano conhecido por apresentar o forte comportamento de ter apenas um parceiro durante toda a vida), que são um emblemático símbolo da relação de monogamia na natureza, produzem filhotes de pais diferentes em 20% das ocasiões. Além disso - dizem os historiadores - para os humanos, o comportamento “promíscuo” não é nenhuma novidade. 


Antropologistas têm revelado pistas de como nossos ancestrais do paleolítico viviam. Antes do advento da agricultura, humanos tinham uma expectativa de vida agressivamente curta. Alguns sobreviviam até os 50 anos, mas a maioria falecia ainda jovem ou mesmo durante o nascimento, com uma expectativa de vida média em torno de 30 a 40 anos. 
Com uma vida tão curta, era possível acontecer de crianças ancestrais experimentarem o sexo na idade dos seis anos. Muitos casais viviam relacionamentos temporários, e a “infidelidade” era comum para estes moradores das cavernas.

Quando nossos ancestrais encontravam-se numa situação de infelicidade, eles simlpesmente tomavam seu caminho e encontravam outra caverna. Cientistas acreditam que caçadores-coletores faziam sexo mais por prazer do que com fins de reprodução.

Helen Fisher, pesquisadora da Universidade de Rutgeers, escreveu 5 lilvros sobre o futuro do sexo humano, amor, e relações, e ela acredita que o casamento mudou mais nos últimos 100 anos do que nos 10.000 anos anteriores, e pode mudar ainda mais nos próximos 20 anos do que nos útimos 100 anos!

David Levy, autor de “Amor e sexo com robôs” prediz que, assim que os robôs se tornarem mais sofisticados, cada vez mais indivíduos aventureiros entrarão em relacionamentos íntimos com essas máquinas inteligentes.

Um parceiro robô seria a companhia ideal, jamais vivenciando tédio ou aborrecimento, sendo sempre atencioso, diz Levy. Você será sempre o foco e a peça central da existência deles e você nunca precisará se preocupar em ser traído ou ser abandonado, porque a lealdade e fidelidade estarão embutidas em sua programação.

Nosso conceito de infidelidade também está mudando. Alguns casais casados concordam que não há problemas em ter sexo casual quando viajam separados; outros sustentam uma longa relação de “adultério” com o consentimento do cônjuge. Além disso, estudos recentes têm mostrado que relações como estas, com menos pressão em “ser fiel”, são menos estressantes para ambos os participantes, gerando vidas mais felizes.

Encontros via internet exercem seu impacto em relacionamentos também. O processo de unir pessoas com bons parceiros está se tornando tão eficiente, e tão prazeiroso, que o casamento em si pode um dia se tornar obsoleto.

À medida que navegamos nos ventos do século 21, novos tipos de relacionamentos desafiarão muitas das tradições e políticas sociais. A futurista Sandy Burchsted, de Houston, que recentemente falou na conferência “World Future Society”, acredita que no futuro a maioria das pessoas vão se casar ao menos quatro vezes na vida e experimentar aventuras extra-conjugais com pouquíssima censura pública. Casamento será considerado um processo evolucionário, e não um evento único na vida.

Talvez seja a hora de repensar a monogamia, especialmente considerando a forma como o mundo tem politizado o conceito de casamento. Assim como os casais de ratazanas de pradaria não possuem uma “pureza alva como a neve”, não existe também nenhuma evidência biológica que sugere que o ser humano é naturalmente monogâmico. Podemos ser culturalmente e socialmente encorajados a ser “fiel”, mas não está claro o quanto desta realidade realmente faz parte de nossa biologia.

Alguns acreditam que as relações monogâmicas são o melhor caminho para a felicidade; mas muitos experts negam rapidamente. Pesquisadores defendem que relações não-monogâmicas têm reportado altos níveis de intimidade e satisfação, e menos cíume do que o experimentado nos casais monogâmicos.

Hoje, vivemos num oceano de tecnologias que têm remodelado profundamente nossas vidas. A necessidade de unir-se é um traço humano e os mecanismos que nos levam a nos apaixonar estão embutidas em nossa natureza. Com novas ferramentas de incentivo ao romance, como o Viagra e a reposição de estrogênio, e com a ciência providenciando períodos mais longos de saúde e expectativa de vida, teremos a oportunidade de criar um tipo de parceria mais completa e gratificante do que em qualquer outro momento da história. Bem vindo ao futuro!

RELIGIÃO+ PARA HUMANIDADE+


Além de divulgar conteúdo próprio, parte da missão da página "Transhumanismo Cristão" é divulgar conteúdo em português sobre o fenômeno do Transhumanismo e sua relação com as Religiões humanas, especialmente o Cristianismo. A ideia já tem tomado significativas proporções e alimentado sérias discussões e Fóruns, tanto Teológicos como Científicos, na América do Norte e Europa, mas parece que tal discussão ainda se encontra em estado embrionário no Brasil, principalmente devido a falta de disponibilidade de conteúdo em português.


Se estiver interessado em saber mais a respeito, seja bem-vindo.



Atendendo à nossa missão, segue abaixo a tradução do interessantíssimo artigo "RELIGION+ FOR HUMANITY+" publicado pelo Reverendo Presbiteriano Christopher Benek, onde ele discorre sobre a interessante concepção da Religião aplicada ao contexto futurista do Transhumanismo, e como os dois universos possuem total sinergia e complementação, contrapondo a ideia do ateu Zoltan Istvan que defende enfaticamente que o Transhumanismo é um fenômeno essencialmente ateu.

Segue o artigo traduzido:

RELIGIÃO+ PARA HUMANIDADE+


No início de dezembro do ano passado, Zoltan Istvan escreveu um artigo para o Huffington Post, intitulado Sou ateu, logo, sou Transhumanista. Nesse artigo Istvan mostra a proposta de que muitas pessoas dentre os um bilhão de “individuos sem-Deus -- ateus, agnósticos, e não associados à religião” são transhumanistas; eles só não sabem disso ainda. Eu discordo de Istvan e não penso que transhumanistas devam dispensar o que as religiões tradicionais têm a oferecer ao movimento transhumanista.


De início, eu gostaria de afirmar que praticamente e filosoficamente, nenhuma pessoa é desligada da religião em geral, ainda que não admita ser adepto de uma religião organizada. A evidência do enraizamento da religião na cultura humana é um fato indiscutível. Isso não quer dizer que uma pessoa tenha de estar pessoalmente satisfeita com as atuais opções de religiões organizadas que estão disponíveis, mas negar o impacto da religião na cultura não é uma proposição muito científica.


Adicionalmente, falando tanto no sentido técnico quanto prático, ninguém é ateu. A origem da palavra "ateísmo" é derivada do grego ἄθεος, essencialmente significa "sem deus(es)." E se nós investigarmos, mesmo que superficialmente, a alegação de que um ser humano consegue ser sem-deus(es), vemos que isso é uma contradição a respeito de quem somos como pessoas.


Afinal, podemos ver isso porque a definição de "deus" pode ser colocada simplesmente como: "uma pessoa ou coisa que é excessivamente cultuada e admirada; uma paixão arrebatadora, um busca, obsessão, ou hobby, algo idolatrado". Por definição, “excesso” é simplesmente uma quantidade ou qualidade maior do que o necessário, e o “culto”, em sua forma mais básica, significa ter uma ardente devoção ou adoração para alguma coisa. Isso significa que, para uma coisa ser considerada “deus”, basta que ela seja, de forma exagerada, o centro da sua preocupação real ou substancial, como uma paixão, ambição, ou hobby.


Como resultado, qualquer coisa pode ser um deus/ídolo - seja uma ideia, seja o fato de assistir demais a jogos de futebol, seja um ligeiro excesso de apreço por um instinto, ou até mesmo por uma estátua dourada de um bezerro. Os antigos entendiam esse conceito claramente e aceitavam tal raciocínio como comum e lógico. Nós até encontramos evidência histórica disto no primeiro e segundo mandamentos. Então, nesse sentido, ninguém pode genuina ou logicamente ser um ateu.

Se por “ateu” entendemos “pessoas não aceitam ou acreditam em um Ser Supremo, ou em um entendimento de Deus proposto por uma tradição religiosa tradicional”, então isso é um uso diferente da palavra. Tal definição ainda não nega o que foi dito anteriormente; ela simplesmente requer que fundamentalmente reconheçamos a nós mesmos como idólatras. Ela pode inclusive, para uma pessoa que tende a acreditar em fatos e dados científicos, deixar aberta a opção de agnosticismo fora de uma religião organizada. Mesmo assim, o simples fato de que todos nós temos deuses em nossas vidas e que nós os adoramos - mesmo de forma muito básica - demonstra que todos nós somos seres religiosos.

Este não é um conceito novo, é uma compreensão teológica básica de tempos antigos. Mas isso levanta uma questão maior:

Será que devemos considerar a possibilidade de que as tradições religiosas podem ter algo a oferecer para o movimento transhumanista?

E é nesse ponto que tenho delineado minha crítica ao artigo de Istvan de forma mais incisiva. Apesar de Istvan afirmar que os “sem-deus” não estão “em posição de criticar a religião”, sua motivação real parece ser exatamente a de converter transhumanistas em ateus, em vez de convencer os ateus em transhumanistas. Isso para mim parece ser mais de um jogo de poder para controlar o movimento transhumanista, eu gostaria de afirmar que esse tipo de atitude não faz parte do espírito do transhumanismo.

Permitam-me explicar o porquê:
Istvan promove sua noção de uma Aposta Transhumanista - uma ideia de que “todos nós no século 21 devemos decidir o quão longe estamos dispostos a ir no sentido de usar a tecnologia e a ciência para melhorar nossas vidas". Ele acredita que "os sem-deus" devem ser aqueles que tomarão essas decisões. Ele continua a dizer que muitas pessoas “sem-deus” se tornarão os defensores da "indefinida extensão da vida e das tecnologias que eliminam nossa humanidade e promovem a nossa transhumanidade". Ele defende essa ideia porque ele explica que, para ele, a palavra transhumano significa "além do humano".

Mas tal posição pressupõe que temos uma definição sobre o que é a condição humana em sua totalidade - mas esta é uma proposição totalmente especulativa na melhor das hipóteses. No mínimo, devemos considerar a possibilidade de que o nosso progresso evolutivo em direção a uma maior utilização de ferramentas e tecnologia pode implicar que parte do que ele realmente entender por “ser humano” inclui uma evolução em direção a um estado de ser que é melhor do que a forma como existimos atualmente.

Esse conceito está totalmente alinhado com muitas tradições religiosas que divulgam a noção de que parte da nossa missão de ser humano é justamente a viagem em direção a uma forma mais aperfeiçoada, ou um estado eterno. Dessa forma, o prefixo "trans" tem um significado mais sutil que implica ir "através" do escopo do que pode significar ser humano. Não é uma perda de nossa humanidade, e sim um melhoramento dela.

Tal idéia não está em conflito com Transhumanismo ou a maioria das tradições religiosas, que basicamente defendem a melhoria holística de pessoas. Indo mais fundo, o conceito de superar limitações humanas fundamentais (muitas vezes referido nas tradições religiosas como “pecado”) também é um objetivo que compartilhamos.

Além disso, Istvan afirma que o "herói transhumanista" é o indivíduo que "se empenha constantemente em melhorar sua saúde, estilo de vida e longevidade com a ciência e tecnologia". Na sua opinião, essas pessoas não são "simpáticas àquelas ideias ultrapassadas que mobilizam os indivíduos através da culpa, a se tornarem diferentes ou melhores do que são ou do que eram quando nasceram -- ou se tornarem à imagem de Deus". No entanto, é nesta declaração que Istvan revela o que ele realmente quer para adorar - ele próprio. E essa noção está fundamentalmente em desacordo com a maioria das religiões organizadas do mundo.

+Humanidade implica, nas origens da sua pluralidade, que a vindoura jornada tecnológica não é do tipo que se caminha sozinho. Isso implica um uso ético e útil de tecnologias emergentes para melhorar os seres humanos COLETIVAMENTE e, da mesma forma, melhorar os nossos entendimentos sobre o que fundamentalmente significa ser humano. Isso implica uma abordagem comunitária, uma viagem que faremos juntos, através do qual faremos a humanidade melhor. Nas questões de melhoria da comunidade, as tradições religiosas possuem séculos de experiência prévia e muito a oferecer para a discussão.

Nesse sentido, há duas preocupações éticas pertinentes, de caráter religioso, que devemos nos proteger e evitar que ocorram no movimento transhumanista, e são: a idolatria/adoração de indivíduos e a ideia de alienação do “outro”. Pois assim que criamos deuses a partir de nós mesmos, a nossa autoabsorção nos desumaniza, separando-nos de nossa comunidade relacional maior. Oferecer tal conceito de idolatria (ou autoidolatria) como apogeu da humanidade é, na minha opinião, -Humanidade e não +Humanidade."

O reverendo Christopher Benek é um pastor na Igreja Presbiteriana Providence em Hilton Head Island, SC , EUA . Ele detém M.Div.(Mestrado em Divinidades) e Th M. (Mestrado em Teologia) Graduações em Ética no Seminário Teológico de Princeton e está terminando graduação de Ciência e Teologia no Seminário Teológico de Pittsburgh DMIN.



ARTIGO ORIGINAL: